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Foto do escritorVítor Pereira Faro

Por que devemos confiar na Ciência?


A divulgação de estudos e testes que resultaram em vacinas para a Covid tem popularizado termos que antes eram conhecidos apenas no mundo acadêmico: duplo cego, pesquisas randômicas (ou randomizadas), amostragem, evidência ou replicação científica.Isso porque a pandemia acabou gerando interesse da população pelas pesquisas experimentais.


Saber como são feitas as pesquisas pode trazer mais confiança e esclarecer a diferença entre senso comum e estudos cientificamente comprovados. O saber popular está relacionado com crenças e também experiências, incluindo os chamados tratamentos caseiros para diferentes males. Mas, embora o famoso chá da vovó - que cura qualquer coisa - não deva ser menosprezado, na Ciência tudo deve ser comprovado.


A necessidade de testar, observar, experimentar, analisar e só assim concluir é o passo a passo da Ciência em diferentes áreas, incluindo Saúde e Tecnologia. Se há uma hipótese de que certo fenômeno ocorrerá, isso deve ser comprovado. Traduzindo: você pode ter certeza de que, ao jogar uma bola de tênis ao chão, ela vai quicar e voltar para as suas mãos. Ainda assim, sua convicção é apenas uma hipótese para a Ciência.


Para comprovar o fenômeno cientificamente, o movimento com a bola será repetido por inúmeras vezes, por diferentes pessoas, com diferentes níveis de força, em diferentes superfícies etc. E, se a bola ficar no chão, a missão do cientista passa a ser encontrar explicações para o imprevisto, analisando o peso da bola, condições climáticas, desgaste do material, ou de umidade.

Desta forma, a Ciência busca explicações para fenômenos, produz e testa novas tecnologias, sempre dentro da confiança e eficiência para que seja usada pela sociedade como uma verdade comprovada. Mas, ainda que seja realizada corretamente, uma pesquisa não gera certeza absoluta. Isso porque a Ciência evolui junto com a tecnologia.


Um exemplo do impacto da tecnologia na Ciência é o que estamos assistindo através do noticiário. Um ano depois da detecção de um vírus ainda desconhecido - com incrível capacidade de contágio entre humanos e efeito devastador em alguns grupos de pacientes - há diferentes vacinas eficazes contra a covid-19 freando o avanço do coronavírus. E cada imunizante contra a covid-19 foi desenvolvido com métodos e tecnologias diferentes.


Pois bem, a Ciência é resultado de sua história, das circunstâncias do momento e da evolução da sociedade. A produção de pesquisas tecnológicas e de inovação é fundamental para a ampliação da qualidade e da expectativa de vida. Viva a Ciência!


Explicamos aqui os termos científicos citados no texto, que fazem parte do dia a dia da Ciência:


Duplo cego: a metodologia consiste em separar dois grupos para a experimentação, sem que os participantes saibam o que caracteriza seu próprio grupo ou os demais. Para testes com medicamentos, por exemplo, um grupo utiliza a substância pesquisada e outro usa um placebo (substância inócua ou sem efeito no organismo), sem que nenhum dos pacientes saiba o que tomou. Assim, é feita a comparação entre os efeitos nos dois grupos, apontando a eficácia ou não da substância. No caso de artigos científicos, o duplo cego significa que o avaliador não sabe quem escreveu o texto e o autor não sabe quem avaliou. Assim, o corretor tem mais liberdade para colocar as críticas e imparcialidade na avaliação do artigo anônimo.


Estudo randomizado: é a pesquisa feita com uma divisão aleatória dos grupos de experimentação. Ou seja, em uma pesquisa sobre a eficácia de uma vacina, os voluntários são divididos em grupos sem qualquer critério, como em um sorteio.


Amostragem: quando uma pesquisa é realizada, é fundamental que haja quantidade suficiente de voluntários ou entrevistados para representar o todo (população). Em uma pesquisa eleitoral, por exemplo, se não houver correspondência entre o percentual real do público e de entrevistados em cada grupo de classe social, grau de escolaridade, gênero, entre outras qualificações, o resultado é distorcido da realidade. A amostra precisa representar, de forma estatística, o retrato econômico e social daquela comunidade pesquisada.


Evidência científica: é importante que a pesquisa seja feita com metodologia científica robusta, ou seja, rigorosa com o que são consideradas evidências científicas. Isso ajuda a chegar mais perto da verdade sobre o objeto pesquisado. A confiabilidade é gerada pela avaliação de outros pesquisadores da área, que estudam os dados e comprovam que o estudo foi bem feito.


Replicação científica: A opinião pessoal de um profissional experiente tem valor pelo conhecimento que ele tem. Mas, para que seja transformado em evidência, é preciso que seja aplicada várias vezes. Isso é replicação científica. A pesquisa precisa ter dados abertos, para que, aplicada por vários outros cientistas, como a mesma metodologia, apresente o mesmo resultado.


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